Eu fui, mãe, a São Mamede, onde cuidei
que vísseis meu amigo, que lá não foi,
e ao sair, tão formosa que até me dói,
eu me disse, como agora vos direi:
pois se não vem, sei muito bem:
por mim se perdeu, que nunca lhe fiz bem.
Quando eu a São Mamede fui e não vi
meu amigo, com quem queria falar,
com muito fervor, nas ribeiras do mar,
suspirei no coração e concluí:
pois se não vem, sei muito bem:
por mim se perdeu, que nunca lhe fiz bem.
Depois que fiz na igreja minha oração
e não vi o que me queria tão bem,
ao pesar que me abateu o seu desdém
eu logo disse assim, em conclusão:
pois se não vem, sei muito bem:
por mim se perdeu, que nunca lhe fiz bem.
(Recriação: Fábio Aristimunho)
O original:
Fui eu, madr’, a San Momed’u me cuidei
que veess’o meu amigo, e non foi i,
por mui fremosa que triste m’en partí,
e dix’eu como vos agora direi:
pois i non ven, sei unha ren:
por mi se perdeu, que nunca lhi fiz ben.
Quand’eu a San Momede fui e non vi
meu amigo, con que quisera falar
a mui gran sabor, nas ribeiras do mar,
sospirei no coraçón e dix’assí:
pois i non ven, sei unha ren:
por mi se perdeu, que nunca lhi fiz ben.
Depois que fiz na ermida oraçón
e non vi o que mi quería gran ben,
con gran pesar filhóuxime gran tristén
e dix’eu log’assí esta razón:
pois i non ven, sei unha ren:
por mi se perdeu, que nunca lhi fiz ben.
(Joam de Cangas)
4 comentários:
O interessante do seu blog são as possibilidades. É bom descobrir novas janelas, mesmo para aqueles que não apreciam a tradução. Afinal, há o original.
Abraços
Olá, Lunna,
Sim, faço questão de colocar sempre o original, para quem quiser confrontar a versão ou só ficar com ele.
Abraço
traduz este texto para mim..
Ai eu coitad! E por que vi
a dona que por meu mal vi!
Ca Deus lo sabe, poila vi,
nunca já mais prazer ar vi;
ca de quantas donas eu vi,
tam bõa dona nunca vi.
Tam comprida de todo bem,
per boa fé, esto sei bem,
se Nostro Senhor me dê bem
dela! Que eu quero gram bem,
per boa fé, nom por meu bem!
Ca pero que lh’eu quero bem,
non sabe ca lhe quero bem.
Ca lho nego pola veer,
pero nona posso veer!
Mais Deus, que mi a fezo veer,
rogu’eu que mi a faça veer;
e se mi a non fazer veer.
sei bem que non posso veer
prazer nunca sem a veer.
Ca lhe quero melhor ca mim,
pero non o sabe per mim,
a que eu vi por mal de mi[m].
Nem outre já, mentr’ eu o sem
houver; mais s perder o sem,
dire[i]-o com mingua de sem;
Ca vedes que ouço dizer
que mingua de sem faz dizer
a home o que non quer dizer![1]
por favor...
eu ainda quero hoje..
tah fleu
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