15 de novembro de 2009

Honduras, a Uniban da América Latina

Os paralelos entre a deposição de um presidente e o caso do vestido rosa

O golpe de Estado em Honduras, que em junho último depôs o governo democraticamente eleito do país, tem gerado um amplo movimento de repúdio por parte da comunidade internacional. O governo brasileiro tem especial interesse no assunto, não somente por se tratar de um vizinho latino-americano, mas sobretudo por ter-se surpreendido no meio do imbróglio quando a embaixada brasileira no país passou a servir de refúgio ao presidente deposto. Enquanto isso, no Brasil, uma estudante foi acossada por uma turba moralista, dentro de uma universidade, e poucos dias depois sumariamente expulsa da instituição, em virtude de ter trajado um vestido rosa considerado excessivamente curto para os padrões locais. Esses dois casos, que à primeira vista nada têm em comum além do fato de dividirem as páginas dos jornais e dos sites de notícias brasileiros nos últimos tempos, na verdade guardam intrigantes e reveladoras similaridades entre si.

Manuel Zelaya, o presidente democraticamente eleito de Honduras, vinha implementando medidas com vistas a organizar uma consulta popular por meio da qual o povo hondurenho decidiria se seria votada, em pleito simultâneo às eleições agendadas para novembro de 2009, a convocação de uma Assembleia Constituinte no país. Ocorre que essa consulta popular fora planejada à revelia do Legislativo e contrariando prévia decisão do Judiciário. Em 28 de junho de 2009 Zelaya foi preso e, ato contínuo, conduzido por militares até o aeroporto, onde foi embarcado à força em um avião com destino a San José, na Costa Rica. Alguns meses depois Zelaya retornou às escondidas ao país, refugiando-se na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, de onde pretende negociar com os golpistas sua recondução ao poder.

Geisy Arruda, estudante de turismo na Universidade Bandeirante de São Paulo – Uniban, em São Bernardo do Campo, foi hostilizada e xingada (“puta, puta, puta!”) por uma turba formada por centenas de estudantes seus colegas de universidade. O motivo da hostilidade, ocorrida em 22 de outubro último, teria sido a decisão da estudante de frequentar as aulas trajando um vestido rosa considerado demasiado curto para os padrões do lugar. A estudante, então vestindo um jaleco por sobre a indumentária, precisou ser conduzida por policiais militares para poder deixar o local, sob os xingamentos dos presentes. Todos esses fatos foram gravados em câmeras de celulares e amplamente difundidos pela internet. No dia 7 de novembro seguinte, a universidade publicou em diversos jornais um anúncio pago por meio do qual noticiava, surpreendentemente, a expulsão da estudante em virtude de seus “trajes inadequados” e “postura incompatível com o ambiente da universidade”.

O primeiro paralelo que podemos traçar entre os dois casos se refere ao comportamento das, assim consideradas, vítimas. Zelaya vinha desrespeitando a legislação do país e confrontando os demais Poderes da República, ao atropelar as atribuições constitucionais do Legislativo e ignorar repetidas decisões do Judiciário. Além disso, Zelaya é acusado de pretender implantar no país um regime autoritário, de estilo bolivariano, sendo que a pretexto da Assembleia Constituinte não visava senão a perpetuar-se no poder, sob inspiração de Hugo Chaves, presidente da Venezuela, de quem Zelaya é publicamente aliado. De sua parte, Geisy Arruda claramente desrespeitou certas regras de etiqueta, ou mesmo éticas, ao escolher um vestido que em princípio não se adapta ao ambiente acadêmico de uma universidade e exibir uma “atitude provocativa”, ainda que se considere que essas regras configuram normas não escritas, visto que a Uniban não possui um regramento sobre o vestuário dos estudantes, e por isso mesmo difíceis de serem enquadradas a um caso concreto.

Tanto Manuel Zelaya quanto Geisy Arruda tiveram um comportamento reprovável. Em um caso houve desrespeito a normas fundamentais relacionadas ao funcionamento do Estado, no outro houve desrespeito a regras éticas e de etiqueta. Guardadas as devidas proporções, são ambos comportamentos passíveis de punição nos foros adequados. Isso no entanto não justifica a reação exacerbada de seus opositores, como observado nos dois casos. Manuel Zelaya foi preso, sumariamente deposto e expulso do país por militares. Geisy Arruda foi xingada e humilhada, escoltada por policiais militares para fora da Uniban e mais tarde sumariamente expulsa da instituição. Em nenhum dos casos foi observado o direito à ampla defesa e ao devido processo legal dos acusados. Dessa maneira se pode ver como uma reação desmesurada – por parte dos golpistas, em Honduras, por parte da turba moralista, na Uniban – pode ofuscar e mesmo minimizar o comportamento, desde o início reprovável, de suas vítimas.

A reação dos opositores de Manuel Zelaya e de Geisy Arruda pode ser dividida cada qual em dois momentos. Contra Zelaya houve primeiro a deposição sumária, sem ampla defesa, e em seguida a expulsão do país. Geisy Arruda foi alvo de uma sessão pública de xingamentos, seguida de sua expulsão sumária realizada pelos dirigentes da instituição, sem que lhe fosse permitida a ampla defesa. A deposição de Zelaya até poderia ter transcorrido dentro da legalidade, mesmo com sua prisão preventiva, nos termos da Constituição do país, assim como a expulsão de Geisy Arruda do quadro discente da Uniban também poderia ter sido realizada de maneira regular, em conformidade com o regulamento da instituição. Nada, no entanto, justifica os xingamentos públicos a que foi submetida a estudante e o cerceamento do seu direito à ampla defesa no caso da expulsão; de igual maneira, nada justifica a expulsão extralegal de Zelaya do país, realizada pelos militares, e o cerceamento do seu direito à ampla defesa quanto às causas de sua deposição, em conformidade com os princípios que emanam da Carta de Direitos Humanos da ONU (art. XI, 1) e do Pacto de San José da Costa Rica (art. 8º), dos quais Honduras é signatária.

Como não poderia deixar de ser, em ambos os casos existe uma retórica justificadora, ou pelo menos uma tentativa de. No anúncio de expulsão a Uniban interpretou a atitude da turba agressora, composta por seus alunos, como uma “reação coletiva de defesa do ambiente escolar” e justificou o desligamento da estudante do quadro discente da instituição “em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade”. Seguindo essa linha de raciocínio, o golpe em Honduras poderia ser interpretado como um reação coletiva de defesa da legalidade e a expulsão de Zelaya, justificada em razão do seu flagrante desrespeito aos princípios constitucionais. Numa tal situação, segundo a interpretação dos golpistas, seria justificado incorrer no desrespeito aos princípios constitucionais para se defender os princípios constitucionais...

Dos atos que caracterizaram o golpe de Estado – deposição sem ampla defesa e devido processo legal, expulsão do país e pronto reconhecimento do novo governo por decisão da mais alta corte – participaram amplos setores da sociedade hondurenha, incluindo as Forças Armadas e os Poderes Legislativo e Judiciário. Roberto Micheletti, o presidente ora de facto do país, é a face visível do grupo golpista, a personificação da realidade política recém-instituída. Já a turba que agrediu a estudante Geisy Arruda não tem um rosto. Aliás, é justamente o anonimato o que viabiliza a atuação de turbas agressoras, pois proporciona ao indivíduo a possibilidade de extravasar publicamente seus rancores e frustrações com a convicção de que não será punido.

No entanto é falsa a sensação de impunidade, num e noutro caso. O golpe em Honduras tem motivado a punição a todo um país, que vem sofrendo com o ostracismo da comunidade internacional. A Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que condena o golpe; Honduras foi suspensa da OEA; nenhum país reconhece formalmente seu governo golpista; diversos países retiraram seus embaixadores de Tegucigalpa; o FMI e o BID interromperam seus empréstimos ao país – tudo isso resulta em um amplo congelamento das relações internacionais de Honduras, tanto no âmbito diplomático quanto no comercial e financeiro. Por outro lado, os alunos da Uniban têm relatado à imprensa terem sido alvos de preconceitos diversos e que têm encontrado maior dificuldade para conseguir emprego.

O golpe de Estado e a atitude dos agressores da estudante como se vê não passaram impunes, ainda que a punição tenha vindo de fora para dentro, sem ter partido da via judicial ou administrativa como seria de se esperar. Além disso, a punição não se limita aos transgressores, atingindo em um caso não só os golpistas, mas todo o povo de Honduras, e no outro todos os alunos da Uniban, mesmo aqueles que não participaram da agressão ou sequer estavam presentes na universidade no dia dos acontecimentos. A punição extrapola, assim, os limites da culpabilidade individual e atinge toda a coletividade.

O caso do vestido rosa e o golpe em Honduras têm em comum o tempo em que ocorreram, meados de 2009, e o espaço que a imprensa brasileira lhes tem dedicado. São ambos ilustrativos de situações em que uma ação transgressora inicial (reformar ilegalmente a Constituição e usar um vestido excessivamente curto) motiva uma cadeia de reações (deposição e expulsão em um caso, xingamento público e expulsão em outro) tão desproporcionais e ilegítimas que não só minimizam a transgressão inicial, revalidando-a, como também transformam em vítima o primeiro transgressor (o presidente deposto e a estudante do vestido curto). Por conta disso, é mais do que compreensível a simpatia generalizada que se formou em torno de Zelaya e de Geisy Arruda, assim como a forte reação internacional e nacional que suscitaram contra si o golpe em Honduras e a atitude moralista com relação ao vestuário.

Honduras e a Uniban estão irmanadas pelo nível de descrédito de que têm gozado externamente em função de atos ilegítimos, e de todo condenáveis, perpetrados por certos grupos internos e por alguns de seus dirigentes. A Uniban, por força de toda a pressão externa de que foi alvo, acabou por revogar a expulsão da estudante do vestido curto e vem promovendo uma reflexão acerca dos acontecimentos junto a seus alunos e funcionários. Resta agora saber até quando Honduras – ou melhor, o grupo golpista que governa o país – resistirá à pressão externa para reempossar o presidente democraticamente eleito e permitir o retorno da normalidade democrática e das relações internacionais do país.

Quanto ao destino dos protagonistas dessas duas histórias paralelas, por ora podemos apenas constatar o óbvio: Manuel Zelaya teve coragem de retornar, clandestinamente, a Honduras, mas ainda não foi aceito de volta, visto que permanece ilhado na embaixada brasileira; Geisy Arruda, de sua parte, já foi aceita de volta, mas ainda não teve coragem de retornar à Uniban. Aguardamos para breve, e ansiosamente, os capítulos finais de ambas as novelas.

 Fábio Aristimunho Vargas,
mestre em Direito Internacional pela USP,
é escritor, professor e advogado

25 de outubro de 2009

La simbología de una sede olímpica

No dia 5 de outubro fui convidado a dar uma entrevista a uma rádio pública do País Basco, a Radio Euskadi, de Bilbau, a respeito da eleição do Rio de Janeiro para sede das Olimpíadas de 2016. O jornalista disse que me achou a partir das matérias que saíram no site Euskal Kultura sobre a coleção Poesias de Espanha. A entrevista foi bem bacana, inclusive redigi depois um artigo a partir da minha fala para eles publicarem no site da instituição. O problema é que não me mandaram a gravação da entrevista e nem publicaram meu artigo... Fazer o quê? Publico a seguir o meu não publicado artigo, de qualquer forma já desatualizado frente aos fatos novos da violência incessante daquela cidade.

*

La simbología de una sede olímpica


Cómo Río de Janeiro ganó la sede de las Olimpíadas de 2016 con la fuerza de los símbolos


Mucho se ha especulado en la prensa española sobre los motivos de la victoria de la candidatura de Río de Janeiro para las Olimpíadas de 2016, la semana pasada, delante de adversarios tan fuertes cuanto Chicago, Tokio y Madrid. Se ha hablado del principio de la rotación de continentes, de una política de Estado a largo plazo, del amparo de una economía sólida y en crecimiento en tiempo de crisis, e incluso de la cuestión del lobby, instrumento tan insondable cuanto decisivo en ciertos campos de la actividad humana.


Sin embargo sea cierto que la conjunción de estos factores todos, además de muchos otros, podría explicar la preferencia de los delegados del COI al votar masivamente en Río en la última ronda de la elección, yo prefiero no subestimar la fuerza de los símbolos. Creo firmemente que fueron los símbolos que nos dieran a los brasileños la sede olímpica de 2016. ¿Y qué símbolos tan especiales serían estos, capaces de ofuscar conjuntamente los esfuerzos de EE.UU., Japón y España? A ver.


La candidatura de Río era la candidatura no de una ciudad: lo era de todo un país. Desde el río Amazonas hacia los pampas, desde las playas hacia las grandes ciudades, los brasileños unieron esperanzas por un objetivo. Y más que la candidatura de un país, era la candidatura de un continente, la América del Sur, región ignorada en la historia olímpica. Era también la candidatura representativa de América Latina y era, además, la candidatura más representativa de los países periféricos que se ven apartados de los acontecimientos del mundo.


En términos geopolíticos, conceder la sede de 2016 a Río significa reconocer el nuevo papel de Brasil en el orden internacional vigente. Como es de conocimiento general, en los últimos años Brasil se ha convertido en un player cada vez más destacado en las relaciones internacionales. Su economía, entre las diez mayores del mundo y la primera a haber superado la reciente crisis, le asegura como interlocutor esencial para las grandes cuestiones económicas del mundo, que son las que de hecho importan. Hay también el supuesto liderazgo de Brasil en América Latina, para la cual no es un poder imperialista más, sino un ejemplo de estabilidad a ser seguido.


Cuanto a la importancia interna de la cuestión, no se puede olvidar que la sede olímpica simboliza el rescate final de una ciudad hasta entonces rehén de sus propias contradicciones. Río de Janeiro fue, sucesivamente, capital colonial de Brasil, capital del imperio colonial portugués, capital del reino unido a Portugal, capital del imperio, capital de la república. En 1960 Brasilia se convierte en la capital de Brasil, mientras Río iniciaría un largo y profundo proceso de degradación social y urbana. Sin embargo, en los últimos años Río de Janeiro, a ejemplo de otras grandes ciudades brasileñas, viene superando sus problemas sociales, saliendo de las páginas policiales de los periódicos para volver a las columnas sociales internacionales, con todo el glamour que le toca. Las Olimpíadas eran el impulso que le faltaba para completar este ciclo de recuperación redentora.


Un último símbolo, no menos importante, de que es imprescindible acordarse: Brasil es el país del fútbol. No lo digo a título de elogio, por lo contrario. Brasil es un país monodeportivo, en que las segundas modalidades, como voleibol, baloncesto y natación, no tienen juntas una fracción de la popularidad del deporte nacional. Agréguese a ello el hecho de que el Mundial de Fútbol de 2014 será realizado en Brasil. En este contexto, las Olimpíadas son la tabla de salvación para el deporte de todo un país. País, dígase, todavía no acostumbrado con los recientes sucesos en modalidades hasta muy poco tiempo (o sea, hasta los Juegos Panamericanos de 2007) sin tradición en el país, a ejemplo de la gimnástica olímpica.


Los símbolos son fundamentales para hacerse victoriosa una candidatura a sede olímpica. Pekín 2008 fue el símbolo de la nueva China, potencia en ascensión cada vez más abierta al mundo. Atenas 2004 pretendió significar el retorno de las Olimpíadas a su cuna, a sus orígenes, aunque sin mayores efectos. Barcelona 1992 simbolizó, en definitiva, la apertura de una España cada vez más plural, redemocratizada y moderna. Tokio 1964 y Múnich 1972 fueron, sobre todo, el retorno de Japón y Alemania –Occidental, en este caso– a la convivencia internacional y a la normalidad posible durante la Guerra Fría, al paso que Moscú 1980 y Los Angeles 1984 no significaron mucho más que un ejercicio de la bipolaridad mundial.


¿Qué símbolos poseían Madrid, Tokio y Chicago para el embate que tuvo lugar en Dinamarca? Muy pocos, si comparados con los ejemplos mencionados. Madrid, por ejemplo, no posee hoy la fuerza simbólica que tenía una Barcelona en 1992. Además, toda elección es la fotografía, el registro de un momento. Si en el instante del flash final el peinado de Río de Janeiro les pareció más bien acabado a los electores del COI, es porque los representantes brasileños supieron impregnarlo con todos los símbolos con que puede hacerse victoriosa una candidatura.


Hoy los brasileños vivimos un momento de gran euforia con la elección de Río de Janeiro para sede de las Olimpíadas de 2016. Más que un evento de porte a ser realizado en nuestro país, dos años después del Mundial de Fútbol, los brasileños tendemos a asimilar a esta conquista como un reconocimiento externo de nuestras calidades internas, una especie de atestado de la plena ciudadanía internacional, tal como lo ha interpretado el presidente Lula. A los españoles seguro que les espera una nueva corazonada para la elección de la sede olímpica de 2020. Yo para entonces les prestaré mi corazón, con todo el simbolismo que lo puede acompañar.


Fábio Aristimunho Vargas

Abogado y escritor brasileño



20 de outubro de 2009

Deu no Euskal Kultura (IV)

Reseña en O Globo sobre el libro de poesía vasca, catalana, gallega y castellana de Fabio Aristimunho
14/10/2009

El diario brasileño 'O Globo' publicaba el pasado sábado, 10 de octubre, un artículo y reseña sobre la colección de cuatro volúmenes sobre poesía española, gallega, catalana y vasca, respectivamente, publicado en portugués por el escritor y traductor brasileño Fabio Aristimunho Vargas, de mano de la editorial Hedra. Bella Jozef firma el texto, titulado 'Muchas caras de un país', en el que califica la obra como de una buena oportunidad de conocer obras de no fácil acceso para los lectores brasileños, calificando la breve antología como de un llamado de atención al aficionado, y un aviso de que "hay más literatura española, catalana, gallega y vasca" por descubrir.

Reseña en O Globo sobre el libro de poesía vasca, catalana, gallega y castellana de Fabio Aristimunho

La reseña publicada por O Globo el pasado viernes

Sao Paulo, Brasil. Como recordarán nuestros lectores, cada uno de los cuatro volúmenes de esta colección realiza una presentación general a la poesía de una de las cuatro lenguas mencionadas, bajo los títulos de 'Poesia espanhola das origens à Guerra Cilvil', 'Poesia galega das origens à Guerra Civil', 'Poesia catalá das origens à Guerra Civil', y 'Poesia basca das origens à Guerra Civil'.

Los cuatro volúmenes son asimismo pequeñas antologías bilingües, en la lengua original más la traducción al portugués, realizado todo ello bajo la coordinación y traducción de Fabio Aristimunho Vargas, publicado por la Editorial Hedra, con 160 páginas, 128 páginas, 160 páginas y 160 páginas, respectivamente, y a la venta a un precio de 15 reales brasileños (1 real, aproximadamente 0,58 dólares estadounidenses) por volumen.

La reseña señala, entre otros valores que posee la colección, el de llamar la atención al lector brasileño o en lengua portuguesa sobre unas literaturas --particularmente las gallega, catalana y vasca-- sobre las que no tiene fácil acceso, con la virtud de que la antología recoge los poemas y textos originales seleccionados junto a su traducción portuguesa, lo que posibilita un contacto directo con las obras y las lenguas. Si lo que has visto te ha llamado la atención, parece decir, "que sepas que no es sino una pequeña muestra, porque hay mucho más".


Fonte: site do Euskal Kultura em espanhol.


*

Fabio Aristimunhoren euskal, katalan, galiziar eta espainiar poesia liburuez artikulua argitaratu du O Globok
2009/10/14

Brasilgo 'O Globo' egunkari garrantzitsuak, Fabio Aristimunho Vargas poeta eta itzultzaileak espainiar, galiziar, katalan eta euskal poesiez portugesez plazaratu dituen sail bereko lau liburuez artikulu erreseina argitaratu zuen joan den ostiralean. Bella Jozef irakasleak sinatzen du lana 'Herrialde baten aurpegi anitzak' izenburupean, eta aukera edertzat jotzen ditu liburuak Brasilen gutxi ezagutzen diren literatura hauetara hurbildu eta konturatzeko horra bildu dena zatiño txiki bat baino ez dela.

Fabio Aristimunhoren euskal, katalan, galiziar eta espainiar poesia liburuez artikulua argitaratu du O Globok

Joan den ostiralean O Globok argitara emandako artikulu edo erreseina

Sao Paulo, Brasil. Orrialde hauetan aurretik ere azaldu bezala, jatorri euskalduna duen Fabio Aristimunho brasildarraren lau liburukiok aurkezpen orokorra egiten dute lau literatura horietako bakoitzari buruz, honako izenburuez: 'Poesia espanhola das origens à Guerra Cilvil', 'Poesia galega das origens à Guerra Civil', 'Poesia catalá das origens à Guerra Civil', eta 'Poesia basca das origens à Guerra Civil'.

Aurkezpen orokor hori biltzeaz gain, liburuki bakoitza antologia txiki edo labur bat da, hautatutako poema bakoitzaren aldamenean, jatorriko hizkuntzan alegia, itzulpen portugesa dakarrelarik, guztia Fabio Aristimunho-ren itzulpenez eta bere koordinaziopean egina. Argitaletxea Editorial Hedra da eta liburukiek 160 orrialde, 128 orrialde, 160 orrialde eta 160 orrialde dauzkate hurrenez-hurren. Bakoitza Brasilgo 15 errealetan dago salgai (errealak, 0,58 dolar estatubatuar balio du gutxi gora behera).

O Globok argitara emandako artikuluak irakurle eta zaletu brasildarrari edo portuges hizkuntzaz irakurtzen duenari normalean eskura ez dauzkan errealitate eta literatura batzuetara hurbiltzeko aukera polita izana aipatzen du, kontaktu hori aregotzen delarik poema bakoitza jatorriko hizkuntzan ekartzearekin, portugesezko itzulpenarekin batera. Asmoa erakartzea bada, lortzen du helburua, egarria edo gosea pizten baitu zer gehiago dagoen poesia eta literatura horietan jakiteko.


10 de outubro de 2009

Resenha n'O Globo


Saiu n'O Globo de hoje, 10/10/09, Caderno Prosa & Verso, uma bela resenha sobre a coleção Poesias de Espanha. É assinada por Bella Josef, crítica literária que muito aprecio, autora da obra essencial História da Literatura Hispano-Americana. Fiquei lisonjeado tanto pelos comentários tecidos na resenha quanto pela própria escolha da ensaísta responsável por redigi-la.

Quanto ao que foi mencionado, esclareço apenas que o poeta catalão Bartomeu Rosseló-Pòrcel figura no final da antologia da poesia catalã, ainda que com um único poema, e que Joan Vinyoli não poderia ser incluído em virtude do critério de seleção adotado: entraram apenas autores mortos até a Guerra Civil, ao passo que Vinyoli morreu em 1984. Fora isso, pretendo incluí-lo na segunda parte da coleção, em que já estou trabalhando aos poucos e que abrangerá o período do pós-Guerra Civil até a atualidade, em princípio.

A resenha está disponível neste link. Infelizmente ainda não consegui o texto em formato 'txt'.


7 de outubro de 2009

Deu no Euskal Kultura (III)

Notícia no site basco Euskal Kultura sobre o lançamento de Poesias de Espanha em Madri, em agosto passado.

Se presenta hoy en Madrid la obra de Fábio Aristimunho sobre poesía vasca, catalana, gallega y española

29/07/2009

Hoy se presenta en el Café Galdós de Madrid la colección 'Poesías de Espanha: das origens à Guerra Civil', del escritor vasco-brasileño Fábio Aristimunho. Se trata de una colección en lengua portuguesa que reúne en cuatro volúmenes lo más destacado de la poesía vasca, catalana, gallega y española, desde sus orígenes y hasta el corte que supuso la guerra de 1936, según explica el autor. La presentación dará comienzo a las seis de esta tarde y estará guiada por el poeta Javier Díaz Gil.

Madrid, España. Poesías de Espanha: das origens à Guerra Civil es una antología poética en cuatro volúmenes que reúne obras de la literatura vasca, gallega, catalana y española. El trabajo recoge una selección de poemas de autores representativos de cada una de las literaturas, desde los orígenes de alguna de ellas en el siglo XII hasta el inicio de la guerra civil en el 1936. La colección ha sido coordinada y traducida por el escritor brasileño Fábio Aristimunho, quien apunta la influencia de la guerra como elemento de ruptura y destaca la desaparición de toda una generación de autores perdida en la guerra o en el exilio.

Entre los autores que recopila la colección destacan Bernat Etxepare, José María Iparraguirre, Lauaxeta, Martim Codax, Rosalía de Castro, Manuel Antonio, Ausiàs March, Jacint Verdaguer, Bartomeu Rosselló-Pòrcel y Gonzalo de Berceo, Garcilaso de la Vega y Federico García Lorca, junto a composiciones y cantigas de origen popular.

Fábio Aristimunho presentó inicialmente su trabajo el pasado mes de abril en la ciudad de Sao Paulo, en Brasil. Según señaló entonces, el autor y la editorial brasileña Hedra ha querido conmemorar con esta obra los 70 años del final de la guerra civil española. La presentación de hoy en Madrid tendrá lugar en el Café Galdós a partir de las seis de la tarde, en un acto en que que se recitarán algunas de las poesías de la colección, en los cuatro idiomas citados. El poeta Javier Díaz Gil guiará la tertulia literaria posterior.

Fábio Aristimunho

Fábio Aristimunho Vargas es profesor, escritor y abogado. Estudió Derecho y Letras en la Universidad de Sao Paulo (USP), y después se especializó en Derecho Internacional en la USP y en la Universidad de Salamanca (España). Ha realizado un postgraduado de Especialista en Estudios Vascos con la Fundación Asmoz de Eusko Ikaskuntza y la Universidad del País Vasco.

Aristimunho ha traducido al portugués las obras Atlas: Correspondência 2005--2007, del poeta valenciano Joan Navarro y del artista plástico catalán Pere Salinas; y La entrañable costumbre, del mexicano Luis Aguilar, entre otras. Es co-editor y traductor al castellano de la antología de jóvenes poetas Antologia Vacamarela: português, espanhol e inglês. Desde su blog http://medianeiro.blogspot.com ofrece información de esta presentación y otras noticias de la vida literaria brasileña y vasco-brasileña.


Fonte: site Euskal Kultura.

*

Fabio Aristimunhoren lana euskal, galiziar, kataluniar eta espainiar poesiaz gaur aurkeztuko da Madrilen

2009/07/29

Gaur aurkeztuko da Madrilen, bertako Café Galdós-en, Fabio Aristimunho euskal-brasildarraren 'Poesías de Espanha: das origens à Guerra Civil' izeneko poesia bilduma. Euskal, kataluniar, galiziar eta espainiar poesiei liburuki bana eskainita, Aristimunhok 1936. urtera arte idatzitako poesia biltzen du, autoreak berak aurretik Brasilen eginiko aurkezpenean esan zuznez. Madrilen, gaur arratsalderako dago deitua aurkezpena, seietatik aurrera eta Javier Diaz Gil poetak gidaturik.

Madril, Espainia. Apirilean Sao Pauloko Casa das Rosas aretoan aurkeztu zuen Fabio Aristimunho euskal-brasildarrak berak koordinatutako Poesías de Espanha: das origens à Guerra Civil bilduma. Lau liburukitan, euskal, kataluniar, galiziar eta espainiar poesiak jasotzen ditu, hizkuntza hauetako bakoitzean idatzi den poesiaren hastapenetatik, 1936. urtea arte, Gerra Zibila delakoa piztu zen arte, egilearen hitzetan.

Bildumak jasotzen dituen idazleen artean, Bernat Etxepare, Jose Maria Iparragirre, Lauaxeta, Martim Codax, Rosalía de Castro, Manuel Antonio, Ausiàs March, Jacint Verdaguer, Bartomeu Rosselló-Pòrcel, Gonzalo de Berceo, Garcilaso de la Vega eta Federico García Lorca dira. Euren lanekin batera poesia herrikoiak eta kantigak ere biltzen ditu lanak.

Aurkezpena gaur izango da, Madrilgo Café Galdós-en. Javier Diaz Gil poetak gidatuko du ekitaldia eta lana aurkezteaz gain, aukera eskainiko da aipatu lau hizkuntzotan poesiak entzuteko. Aurkezpenaren eta poesia irakurraldiaren ondotik, bilduma estakuru, poesiaren inguruko solasa proposatuko da, 18:00etan hasita eta 21:00ak arte.

Fabio Aristimunho

Fabio Aristimunho Vargas irakaslea, idazlea eta abokatua da. Zuzenbidea eta Filosofia eta Letra ikasketak egin zituen Sao Pauloko Unibertsitatean (USP) eta ondoren Nazioarteko Zuzenbidean espezializazioa egin zuen USP-n eta Salamancako Unibertsitatean (Espainia). Euskal Ikasketetan Espezialista graduondokoa egin du Eusko Ikaskuntzaren Asmoz Fundazioan eta Euskal Herriko Unibertsitatean.

Aristimunhok hainbat lan itzuli ditu portuguesera, horien artean Atlas: Correspondência 2005--2007, Joan Navarro poeta valentziarraren eta Pere Salinas artista plastiko kataluniarraren arteko kolaborazioa; eta La entrañable costumbre, Luis Aguilar mexikarrarena. Antologia Vacamarela: português, espanhol e inglês, poeta gazteen antologiaren ko-editore eta gaztelerara itzultzailea da. Bere blogean, http://medianeiro.blogspot.com brasildar literaturari buruzko berriak ematen ditu.

Fonte: site Euskal Kultura.

6 de outubro de 2009

Deu no Euskal Kultura (II)

Notícia que saiu no site basco Euskal Kultura sobre o lançamento de Poesias de Espanha em São Paulo, em abril último.


Versos y música en euskera en la presentación de la colección 'Poesias de Espanha' del brasileño Fabio Aristimunho

17/04/2009

El poeta vasco-brasileño Fabio Aristimunho convocó el pasado 3 de abril en Sao Paulo a un nutrido grupo de artistas, escritores, poetas y creadores a la presentación de la colección 'Poesias de Espanha', de la que es coordinador. La colección reúne en cuatro volúmenes los más destacado de la poesía vasca, catalana, gallega y española, desde sus orígenes y hasta el corte que supuso la guerra de 1936. Durante la presentación se leyeron poemas en euskera, catalán, gallego y español, traducidos al portugués. Estebe Ormazabal, profesor de euskera, fue el encargado de la lectura de la parte vasca y también pudieron verse algunos vídeos de música basados en antiguas baladas vascas, como 'Neska ontziratua' (La chica embarcada).

Sao Paulo, Brasil. El lanzamiento de la colección 'Poesias de Espanha: das origens à Guerra Civil' tuvo lugar en la Casa das Rosas de Sao Paulo, y reunió a un buen número de poetas, escritores, amigos y colaboradores del autor que hicieron de la jornada un ameno e interesante encuentro. La cita comenzó con un debate sobre 'El impacto de la Guerra Civil en las literaturas gallega, española, catalana y vasca'. Los participantes, además del propio Aristimunho, fueron el profesor de euskera y miembro del Centro Vasco de Sao Paulo Estebe Ormazabal y los escritores Paulo Ferraz y Miguel Afonso Linhares.

Tras la charla se realizó un recital 'quinquelíngüe' de poesía, esto es, un recital en cinco idiomas: euskera, catalán, gallego, español y las correspondientes traducciones al portugués. Estebe Ormazabal fue el encargado recitar la selección de poemas en euskera. Los asistentes pudieron también disfrutar de algunos poemas euskaldunes en la forma de baladas como la conocida 'Neska ontziratua' (o 'Brodatzen ari nintzen'), 'Maiteak erran zerautan' o 'Gernikako Arbola', que pudieron verse en vídeos musicados (los vídeos pueden verse aquí). Tras la presentación los asistentes degustaron un aperitivo en una distendida reunión literaria.

Fabio Aristimunho 01

[De izquierda a derecha, Paulo Ferraz, el poeta Fabio Aristimunho, el profesor de euskera y miembro del Centro Vasco de Sao Paulo Estebe Ormazabal y el escritor Miguel Afonso Linhares en la charla que ofrecieron durante el lanzamiento de la colección 'Poesias de Espanha' (foto F.Aristimunho)]

Fabio Aristimunho 02

[Durante la presentación se proyectaron algunos vídeos musicales de baladas tradicionales como 'Neska Ontziratua' (foto F.Aristimunho)]

Más información sobre el evento en el blog literario de Fabio Aristimunho, aquí.



Fonte: site Euskal Kultura.


*

Olerkiak euskaraz Fabio Aristimunho brasildarraren 'Poesias de Espanha' bildumaren aurkezpenean

2009/04/17

Fabio Aristimunho poeta euskal-brasildarrak artista, idazle eta lagun talde handia bildu zuen Sao Paulon joan den apirilaren 3an 'Poesías de Espanha' bildumaren aurkezpenean. Aristimunho bilduma honen koordinatzailea da eta bertan, lau aletan, euskal, kalatuniar, galiziar eta espainiar poesia biltzen du, hastapenetatik eta 1936ko gudak suposatu zuen etena bitartean. Aurkezpenean lau hizkuntza horietan --eta portugesera itzulita-- irakurri zituzten poesiak. Estebe Ormazabal euskara irakasleak euskal poesien irakurketa egin zuen. Ekitaldian euskal balada zaharrak musika bideoen bidez izan ziren entzungai, adibidez 'Neska ontziratua' edo 'Brodatzen ari intzen' kantu ezaguna.

Sao Paulo, Brasil. 'Poesias de Espanha: das origens à Guerra Civil' bildumaren aurkezpen ekitaldia Sao Pauloko Casa das Rosas aretoan egin zen eta bertara bildu zen poeta, idazle, artista, lagun eta kolaboratzaile talde mardulak topaketa bizi eta interesgarriaz gozatu ahal izan zuen. Ekitaldia 1936ko gudak euskal, galiziar, kataluniar eta espainiar poesian izan zuen eraginari buruzko eztabaida batekin hasi zen. Hizlariak Aristimunho bera, Sao Pauloko Euskal Etxeko euskara irakaslea, Estebe Ormazabal, eta Paulo Ferraz eta Miguel Afonso Linhares idazleak izan ziren.

Mahainguruaren ostean poesi irakurraldia egin zen, bost hizkuntzatan: euskera, katalanera, galiziera, gaztelera eta portugesezko itzulpena. Estebe Ormazabalek irakurri zituen euskarazko poemak. Horrez gain entzuleek aintzinako euskal balada eta kantu herrikoi batzuk ere entzun ahal izan zituzten bideo bidez, horien artean 'Neska ontziratua' (edo 'Brodatzen ari nintzen'), 'Maiteak erran zerautan' edo 'Gernikako Arbola' (bideoak ikusteko jo hona). Aurkezpenen ostean entzulegoa afari legea egiteko bildu zen.

Fabio Aristimunho 01

[Ezkerretik eskubira, Paulo Ferraz, Fabio Aristimunho poeta, Estebe Ormazabal, Sao Pauloko Euskal Etxeko kidea eta euskara irakaslea eta Miguel Afonso Linhares 'Poesias de Espanha' bildumaren aurkezpenean egin zuten mahainguruan (argazkia F.Aristimunho)]

Fabio Aristimunho 02

[Ekitaldian euskal kantu tradizionale bideoak izan ziren ikusgai eta entzungai. Iruditan 'Neska Ontziratua' (argazkia F.Aristimunho)]

Ekitaldiarin buruzko informazio gehiago Fabio Aristimunhoren literatur blogean, hemen.


Fonte: site Euskal Kultura.


5 de outubro de 2009

Deu no Euskal Kultura (I)

Notícia já meio antiga sobre o lançamento de Poesias de Espanha em São Paulo, em abril de 2009. Deu no site Euskalkultura.com, do País Basco. Versões em espanhol e basco.



El brasileño Fábio Aristimunho presenta en Sao Paulo poesía vasca, gallega, catalana y española

30/03/2009

El escritor vasco-brasileño Fábio Aristimunho presentará este viernes en Sao Paulo la colección 'Poesias de Españha, das origens à guerra civil'. Aristimunho ha trabajado en la edición y compilación de los cuatro volúmenes de esta colección dedicados a las poesías vasca, gallega, catalana y española. La presentación tendrá lugar en la Casa das Rosas de Sao Paulo, y comenzará con un debate sobre el impacto de la guerra civil en estas poesías, en el que participará también Estebe Ormazabal, profesor de euskera y miembro de la Euskal Etxea de Sao Paulo. Al debate le seguirá un recital en cinco lenguas, en el que se leerán fragmentos de los poemas recogidos en los libros, en euskera, catalán, gallego y castellano, con traducción al portugués.

Sao Paulo, Brasil. La editorial brasileña Hedra conmemora los 70 años del final de la guerra civil española con el lanzamiento de la colección 'Poesias de Espanha: das origens à Guerra Civil', una antología poética en cuatro volúmenes que reúne obras destacadas de la literatura vasca, gallega, catalana y española. Los cuatro volúmenes recogen una selección de poemas autores representativos de cada una de estas literaturas, desde sus orígenes en el siglo XII hasta el comienzo de la guerra civil. La colección ha sido compilada y traducida por el escritor vasco-brasileño Fábio Aristimunho, y destaca la influencia de la guerra como elemento de ruptura con la poesía anterior y de la desaparición de toda una generación de autores perdida en la guerra o en el exilio.

Entre los autores reunidos en la colección destacan Bernat Etxepare, José María Iparraguirre, Lauaxeta (Poesia basca), Martim Codax, Rosalía de Castro, Manuel Antonio (Poesia galega), Ausiàs March, Jacint Verdaguer, Bartomeu Rosselló-Pòrcel (Poesia catalã) y Gonzalo de Berceo, Garcilaso de la Vega y Federico García Lorca (Poesia espanhola), junto a composiciones y cantigas de origen popular.

Debate y recital

La presentación de la colección tendrá lugar en la Casa das Rosas y comenzará con un debate sobre el impacto de la guerra civil en estas poesías. Este debate contará con la participación, entre otros, de Estebe Ormazabal, profesor de euskera; Miguel Afonso Linhares, lingüísta y profesor de castellano; y el propio Fábio Aristimunho, editor y traductor de la colección. Será a las 19:00.

A continuación se ofrecerá un recital en cinco lenguas, en el que escritores invitados leerán poemas en euskera, gallego, catalán y español, con sus respectivas traducciones al portugués. Participarán, entre otros, los escritores Paulo Ferraz, Alan Mills, Andréa Catrópa y Dirceu Villa. Al término de la lectura, se proyectarán vídeos con canciones y baladas antiguas recogidas en la colección.

El acto y la colección cuentan con el apoyo del Institut Ramon Llull, Casa das Rosas, Euskal Etxea de Brasil, Associação Cultural Catalonia, Coletivo Vacamarela y el Instituto Cervantes.

Sobre Fábio Aristimunho

Fábio Aristimunho Vargas es profesor, escritor y abogado. Estudió Derecho y Letras en la Universidad de Sao Paulo (USP), y después se especializó en Derecho Internacional en la USP y en la Universidad de Salamanca (España). Ha realizado un postgraduado de Especialista en Estudios Vascos con la Fundación Asmoz de Eusko Ikaskuntza y la Universidad del País Vasco.

Aristimunho ha traducido al portugués las obras Atlas: Correspondência 2005--2007, del poeta valenciano Joan Navarro y del artista plástico catalán Pere Salinas; y La entrañable costumbre, del mexicano Luis Aguilar, entre otras. Es co-editor y traductor al castellano de la antología de jóvenes poetas Antologia Vacamarela: português, espanhol e inglês. Desde su blog Medianeiro ofrecerá información de esta presentación y otras noticias de la vida literaria brasileña y vasco-brasileña.

Fonte: site Euskal Kultura.

*


Fábio Aristimunhok euskal, galiziar, kataluniar eta espainiar poesia bilduma aurkeztuko du Sao Paulon

2009/03/30

Fábio Aristimunho idazle eta itzultzaile euskal-brasildarrak 'Poesias de Españha, das origens à guerra civil' izeneko bilduma aurkeztuko du ostiral honetan Sao Paulon. Aristimunho bildumaren editore eta itzultzailea izan da. Bildumak euskal, kataluniar, galiziar eta espainiar poesia aztertzen ditu, lau ale desberdinetan. Aurkezpena Sao Pauloko Casa das Rosas aretoan egingo da eta guda zibilak poesia hauengan izan zuen eraginari buruzko mahainguru batekin hasiko da. Eztabaida honetan Aristimunho bera eta Estebe Ormazabal, euskara irakasle eta Brasilgo Euskal Etxeko kidea, ariko dira, besteak beste. Ondoren bildumako poesien irakurraldia egingo da bost hizkuntzatan: euskeraz, katalanez, galegoz eta gazteleraz, eta bakoitzaren portuges itzulpena.

Sao Paulo, Brasil. Hedra argitaletxe brasildarrak Espainiako guda zibilaren bukaeraren 70. urteurrena gogora ekarri nahi du 'Poesias de Espanha: das origens à Guerra Civil' bilduma plazaratuz. Bilduma honek lau aletan euskal, kataluniar, galiziar eta espainiar poesiaren historia jasotzen du, XII. mendean hasi eta guda arte. Bildumaren editore eta itzultzailea Fabio Aristimunho euskal-brasildarra izan da. Lanak gudak poesia hauetan izan zuen eragina azpimarratzen du, aurreko poesiarekin hautsi egin eta egile asko desagertu edo erbesteratu egin behar izan zutelako.

Bildumak jasotzen dituen idazleen artean, besteak beste, Bernat Etxepare, Jose Maria Iparraguirre, Lauaxeta (Poesia basca), Martim Codax, Rosalía de Castro, Manuel Antonio (Poesia galega), Ausiàs March, Jacint Verdaguer, Bartomeu Rosselló-Pòrcel (Poesia catalã), Gonzalo de Berceo, Garcilaso de la Vega eta Federico García Lorca (Poesia espanhola) dira. Euren lanekin batera poesia herrikoiak eta kantigak ere biltzen dira.

Mahaingurua eta irakurraldia

Bildumaren aurkezpena Casa das Rosas aretoan egingo da eta 19:00tan hasiko da guda zibilak poesia hauetan izan zuen eraginari buruzko mahainguru batekin. Eztabaidan parte hartuko dutenen artean Estebe Ormazabal, euskara irakaslea, Miguel Afonso Linhares, hizkuntzalaria eta gaztelera irakaslea eta Fábio Aristimunho bera izango dira.

Ondoren bost hizkuntzetan poesia irakurraldia egingo da eta hainbat idazlek bildumako liburuetako poesiak irakurriko dituzte euskaraz, galegoz, katalanez eta gazteleraz, portuges itzulpenarekin. Irakurleak Paulo Ferraz, Alan Mills, Andréa Catrópa eta Dirceu Villa idazleak izango dira, besteak beste. Irakurraldiaren ostean bildumako poesi herrikoien kantuen bideoen emanaldia egingo da.

Ekimenak honako erakundeen babesa du: Institut Ramon Llull, Casa das Rosas, Brasilgo Euskal Etxea, Associação Cultural Catalonia, Coletivo Vacamarela eta Cervantes Institutua.

Fábio Aristimunhori buruz

Fábio Aristimunho Vargas irakaslea, idazlea eta abokatua da. Zuzenbidea eta Filosofia eta Letra ikasketak egin zituen Sao Pauloko Unibertsitatean (USP) eta ondoren Nazioarteko Zuzenbidean espezializazioa egin zuen USP-n eta Salamancako Unibertsitatean (Espainia). Euskal Ikasketetan Espezialista graduondokoa egin du Eusko Ikaskuntzaren Asmoz Fundazioan eta Euskal Herriko Unibertsitatean.

Aristimunhok hainbat lan itzuli ditu portuguesera, horien artean Atlas: Correspondência 2005--2007, Joan Navarro poeta valentziarraren eta Pere Salinas artista plastiko kataluniarraren arteko kolaborazioa; eta La entrañable costumbre, Luis Aguilar mexikarrarena. Antologia Vacamarela: português, espanhol e inglês, poeta gazteen antologiaren ko-editore eta gaztelerara itzultzailea da. Bere blogean, Medianeiro brasildar literaturari buruzko berriak ematen ditu.

Fonte: site Euskal Kultura.


25 de julho de 2009

Lanzamiento POESIAS DE ESPANHA / Madrid


Colección

POESIAS DE ESPANHA
DAS ORIGENS À GUERRA CIVIL

(Poesías de España: de los orígenes a la Guerra Civil)

Poesía gallega · Poesía española · Poesía catalana · Poesía vasca

Edición brasileña

Organización y traducción al portugués: Fábio Aristimunho Vargas

NOCHE DE LANZAMIENTO

Tertulia Literaria del Café Galdós
Miércoles, 29 de julio, de 18 a 21 horas
C/ Los Madrazo, 10
Madrid - España
(Metro Sevilla)

Coordinada por el poeta Javier Díaz Gil


Más informaciones: http://medianeiro.blogspot.com


6 de julho de 2009

No meu espelho

Poema da série "Pré-datados":




18.06.2049

.............“Agora cabelos negros,
.............Máis tarde cabelos brancos”
....................Rosalía de Castro



No meu espelho
sou eu mais velho.
Ajeito as lentes
e conto os dentes.
Cabelos brancos,
se os tenho, arranco-os?
Penso na morte
só por esporte.



1 de julho de 2009

FLAP! 2009 - Vinte anos de muro



PROGRAMAÇÃO

de 7 a 14 de julho de 2009

Dia 07 de julho, terça-feira

CASA DAS ROSAS

19 às 21h ABERTURA

Em lhe sendo pedido um poema de guerra, de W. B. Yeats

Com os poetas Alfredo Fressia e Paulo Ferraz


Dia 08 de julho, quarta-feira

CASA DAS ROSAS

14h MESA DE DEBATE 1- A poesia pode derrubar um muro, ou “have we no gift to set a statesman right”? com:

  • Annita Costa Malufe
  • Dirceu Villa
  • Amalia Gieschen

16h PALESTRA sobre poesia concreta com Frederico Barbosa

18h LEITURA com os convidados

  • Amalia Gieschen
  • Valeria Meiller


LIVRARIA CULTURA SHOPP. BOURBON

18h LEITURA e SESSÃO DE AUTÓGRAFOS com Annita Costa Malufe, Dirceu Villa e Fábio Aristimunho Vargas


20h PASSEATA poética da Casa das Rosas até o ESPAÇO ZERO CULTURAL para Sarau noturno


Dia 09 de julho, quinta-feira

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA

12h Visita ao museu – inscrições pelo e-mail flapsp2009(arroba)gmail.com

14h MESA DE DEBATE 2- A pena está entre a cruz e a espada, com:

  • Fábio Aristimunho Vargas
  • Luci Collin
  • Ámbar Past
  • Paulo Ferraz

16h LEITURA com os convidados:

  • Simone Brantes
  • Fabiana Faleiros
  • Fábio Aristimunho Vargas
  • Luci Collin
  • Paulo Ferraz


Dia 10 de julho, sexta-feira

CASA DAS ROSAS

14h MESA DE DEBATE 3- Existe um muro entre a poesia e as outras linguagens? A poesia está encastelada no livro ou na palavra? com:

  • Ana Rüsche
  • Dirceu Villa
  • Alejandro Mendez

16h LEITURA com os convidados:

  • Annita Costa Malufe
  • Ana Rüsche
  • Dirceu Villa
  • Alejandro Mendez


Dia 11 de julho, sábado

ESPAÇO SATYROS DOIS

15h LEITURA com as poetas Ana Rüsche, Camila do Valle, Diego Ramirez e outros poetas convidados


LIVRARIA CULTURA SHOPP. VILLA-LOBOS

18h LANÇAMENTO: Cámbio Climático: Panorama de la joven poesía boliviana e LEITURA com a poeta Jessica Freudenthal


Dia 12 de julho, domingo

CASA DAS ROSAS

10h-16h OFICINAS DE CRIAÇÃO com ALEJANDRO MENDEZ e DIEGO RAMIREZ, salas 1 e 2

inscrições pelo e-mail flapsp2009(arroba)gmail.com

17h LEITURA ABERTA e apresentação dos trabalhos das oficinas


LIVRARIA CULTURA SHOPP. MARKET-PLACE

15h LEITURA e SESSÃO DE AUTÓGRAFOS com as poetas Amalia Gieschen, Ámbar Past e Simone Brantes (a confirmar)


Dia 13 de julho, segunda-feira

FÁBRICA DE CRIATIVIDADE

16h MESA DE DEBATE 4- Existe uma poesia popular e uma poesia erudita oponíveis? com:

  • Camila do Valle
  • Pablo Paredes
  • Balam Rodrigo (a confirmar)

18h LEITURA com os convidados:

  • Camila do Valle
  • Pablo Paredes
  • Balam Rodrigo (a confirmar)

20h SARAU no BAR do BINHO


Dia 14 de julho, terça-feira

CASA DAS ROSAS

18h MESA DE DEBATE 5- Que elementos fazem a poesia mais própria para derrubar um muro? com:

  • Jessica Freudenthal
  • Diego Ramirez
  • Valeria Meiller

20h LEITURA com os três convidados da mesa

21h ENCERRAMENTO


MESA DE LIVROS E EDITORAS NA CASA DAS ROSAS DURANTE TODOS OS DIAS DO EVENTO

ENDEREÇOS:

Casa das Rosas

Av. Paulista, 37 – Bela Vista

Fone: 11 3285-6986/ 3288-9447

Fábrica de Criatividade

R. Dr. Luís da Fonseca Galvão, 248 – Capão Redondo

Fone: 11 5511-0055

Museu da Língua Portuguesa

Praça da Luz, s/n. – Centro

Fone: 11 3326-0775

Espaço dos Satyros Dois

Praça Roosevelt, 134 – Centro

Fone: 11 3258-6345

Bar do Binho

Rua Avelino Lemos Junior, 60 – Campo Limpo

Espaço Zero

R. Goiás, 167 – Pacaembu

FoneL 11 3661-8658

Livraria Cultura Villa-Lobos

Av. das Nações Unidas, 4.777 – Shopping Villa-Lobos

Fone: 3024-3599

Livraria Cultura Market Place

Av. Dr. Chucri Zaidan, 902 – Shopping Market Place

Fone: 3474-4033

Livraria Cultura Bourbon

R. Turiaçú, 2.100 – Bourbon Shopping Pompéia

Fone: 3868-5100


30 de junho de 2009

Lançamento: REVISTA CELUZLOSE


Celuzlose
Revista Literária

N. 1, junho de 2009.

Edição e projeto gráfico de Victor Del Franco.

Entrevista com Fábio Aristimunho Vargas.
Poemas de Andréa Catrópa, Celso Borges e Hélio Neri.
Poemas traduzidos de Enrique Winter (Chile) e Martín Barea Mattos (Uruguai).
Poesia visual: Marcelo Sahea.

Acessível aqui.


ENTREVISTA

Fábio Aristimunho Vargas

Quinquelíngue

Poeta, tradutor e advogado, Fábio Aristimunho Vargas lançou recentemente a coleção Poesias de Espanha (Hedra, 2009) com 4 volumes, dos quais a coletênea Poesia catalã foi premiada pelo Institut Ramon Llull, de Barcelona.


Nesta entrevista, ele fala do seu trabalho de tradutor, do período em que atuou na Academia de Letras da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e dos próximos livros que está preparando.



Em abril de 2009, você lançou a coleção Poesias de Espanha, uma antologia de fôlego que abrange um largo período histórico e inclui as quatro línguas oficiais espanholas. Quando você teve seu primeiro contato com a literatura espanhola? Já havia alguma referência desde a infância ou isso só aconteceu muito posteriormente?

A Coleção Poesias de Espanha: das origens à Guerra Civil é resultado de dois anos de trabalho árduo, mais alguns meses de infindáveis revisões e editoração. Em alguns momentos tive a impressão de que não terminaria nunca a antologia e acabaria abandonando o projeto pelo caminho. Mas, felizmente, consegui manter um ritmo de trabalho bastante intenso para poder lançar os quatro volumes da coleção – Poesia galega, Poesia espanhola, Poesia catalã e Poesia basca – a tempo do aniversário dos 70 anos da Guerra Civil Espanhola, em abril de 2009. Dos quatro idiomas da coleção, a minha primeira referência é a língua castelhana, que trago da minha infância em Foz do Iguaçu, no Paraná, minha cidade de origem e onde hoje moro novamente. Na Tríplice Fronteira o mundo hispânico é algo tão próximo quanto o seu vizinho e os colegas de colégio ou de trabalho. Sem falar que o meu pai era hispanofalante, apesar de ele falar apenas português em casa. Quando estive na Espanha, em 2002, para um curso de pós-graduação, tive o meu primeiro contato com as outras línguas do país, de cuja existência eu tinha conhecimento mas me surpreendi com sua vivacidade, sobretudo com a onipresença do catalão nas ruas de Barcelona e com a persistência do euskara no País Basco. Retornando a São Paulo, onde morava na época, comecei a estudar catalão e basco, a convite de amigos próximos, e mais tarde o galego. E como escritor, naturalmente era sempre a literatura dessas línguas o meu ponto de apoio, que eu lia conforme estudava o idioma.


Durante o processo de organização da antologia, além do período histórico, quais foram os outros critérios para a seleção dos poemas?

Numa antologia as escolhas e as renúncias são sempre arbitrárias. Procurei o mais possível estabelecer um critério objetivo de seleção, como por exemplo eleger os autores mais importantes de cada período literário, refletindo em número de autores a importância de cada período literário e o prestígio de cada autor no número de seus poemas – quanto mais fundamental o autor, mais poemas seus foram incluídos na antologia. Mas qual ou quais poemas selecionar de cada um desses autores? É nesse momento que impera a subjetividade e a seleção acaba se norteando pelos gostos do organizador, o que é algo inevitável. Ainda assim procurei manter um certo equilíbrio temático e de tons, sem nenhum tipo de preconceito literário. Na antologia é possível encontrar poemas jocosos, metalinguísticos, populares, eruditos, políticos, religiosos, epistolares, ideológicos, distribuídos de maneira aleatória e equilibrada por toda a coletânea.


Após ler as traduções (ou transcriações, como preferir), fica evidente o cuidado e o rigor que você dedicou ao trabalho. Um bom exemplo disso é o poema basco “O marinheiro” de Betiri Olhondo. Gostaria que você falasse um pouco sobre a carpintaria das traduções. Os poemas bascos chegaram a dar insônia, ou estou enganado?

Sou muito preocupado em reproduzir ou recriar os aspectos formais dos poemas, na melhor linha de certa tradição brasileira de “transcriação” de poesia. Em muitos poemas a rima e a métrica me vêm com naturalidade na tradução, mas em vários outros resultam de um verdadeiro parto, ante a dificuldade de se respeitar a forma do poema original. Tenho uma satisfação especial pelo resultado da tradução do poema basco “O marinheiro”, de Betiri Olhondo, mas também de poemas como “Vivo sem viver em mim”, de Santa Teresa de Ávila, “Prisioneiro”, de Jordi de Sant Jordi, “A vaca cega”, de Joan Maragall, e das cantigas galego-portuguesas, neste último caso apresentadas como releituras modernas dos originais medievais. De fato as traduções do basco foram as mais complicadas, por uma série de motivos. Por não se tratar de uma língua neolatina e por ter uma sonoridade muito peculiar, o ritmo dos poemas não é facilmente transposto na tradução, restando ao tradutor criar um ritmo totalmente novo para cada poema. A tradução nesse caso é uma versificação totalmente nova, em que se aproveita não mais do que a ideia do original. Eu me orgulho de alguns momentos em que consegui reproduzir algo da sonoridade do verso original, em passagens como “à beira da estrada carreteira pouco transitada”, de Xabier Lizardi, e “não buscamos baleia, apenas nova ideia”, de Lauaxeta, mas reconheço que foram poucos os momentos em que as assonâncias e sobretudo as aliterações conseguiram passar pela peneira do idioma. Por outro lado, foi na antologia da poesia basca em que mais abusei das traduções em versos brancos, algo que ainda assim se justifica: dada a dificuldade para decifrar o sentido do original, em muitos casos não me sentia à vontade para “trair” o texto em busca da melhor rima, preferindo recriar a sonoridade com outros recursos rítmicos.


Como foi feita a pesquisa para a elaboração das notas finais, incluindo o quadro sinótico e o guia das ortografias?

A pesquisa para as notas foi feita como em qualquer trabalho monográfico: investigação em acervos físicos e eletrônicos, fichamentos, levantamentos bibliográficos etc. Para isso acionei bibliotecas estrangeiras, sobretudo espanholas, e as bibliotecas particulares dos amigos, que gentilmente me emprestaram livros sem prazo para devolução. Também comprei muitas obras, na maior parte com preços em euro, que pesaram no meu bolso. Nas notas incluo não só informações objetivas sobre a vida e a obra dos autores, mas também alguns comentários sobre sua poética particular e sobre questões pontuais do trabalho de tradução. Uma curiosidade é que a antologia da poesia basca é baseada na minha monografia “Panorama histórico de la poesía vasca: una mirada lusohablante”, que elaborei para obtenção do título de Especialista em Estudos Bascos, pela Fundación Asmoz de Eusko Ikaskuntza e pela Universidad del País Vasco, sob orientação do Prof. Jon Kortazar, um grande crítico da literatura basca. Já o Quadro sinótico, que compara cronologicamente os períodos literários das quatro literaturas, é fruto das minhas reflexões sobre o tema e embasa algumas das conclusões a que cheguei a respeito da relação que há entre literaturas ao mesmo tempo tão próximas e tão distantes, conforme exponho na Apresentação dos volumes. O Guia das ortografias é um estudo gentilmente elaborado e cedido pelo revisor da antologia, o Prof. Miguel Afonso Linhares, de Roraima, que acompanhou de perto e desde cedo colaborou com o desenvolvimento do projeto Poesias de Espanha.



No período em que morou em São Paulo, você estudou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e participou das atividades da Academia de Letras que existe na Faculdade. Como foi essa passagem pela Academia de Letras e o seu trabalho na edição da revista FNX?

A Academia de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo, fundada em 1932, foi uma verdadeira escola para mim, um período valioso de aprendizado. De lá trouxe muita experiência de editoração e vivência literária, e sobretudo os amigos que permaneceram para além do quinquênio da faculdade. Por muito tempo fiz parte do conselho editorial da Revista Phoenix, que em seu número XIX, de 2005, mudou seu nome para FNX. Com a revista aprendi muito sobre organização e editoração de obras literárias, um conhecimento fundamental para mim hoje em dia. Eis o blog da Academia de Letras.


Por falar na revista FNX, afinal de contas, quem é Wallace O’Brian?

Wallace O’Brian é um heterônimo e personagem coletivo, criado pelo pessoal da Academia de Letras para personificar tudo o que considerávamos ruim em poesia. Seus versos são em regra derramados e excessivamente líricos, tratando de temas anacrônicos como cavalaria, os deuses greco-romanos, a tradição céltica. E sempre eram inseridas frases com duplo-sentido aparentemente acidental. Em 2004, a revista Phoenix (FNX) trouxe um dossiê revelando a gênese de Wallace O’Brian, até então secreta e envolta em mistérios, além de uma coletânea de seus poemas. Na realidade, tudo foi uma grande brincadeira literária e Wallace O’Brian era, de certa forma, um manifesto poético do grupo, só que às avessas.


Sator arepo tenet opera rotas. O palíndromo é um vício?

A arte do palíndromo é uma grande diversão, mas também um vício, um estorvo. O Laerte tem uma série de tiras sobre palíndromos, que ele curiosamente assina como ET Real. Uma delas ilustra bem a fixação do palindromista na procura pelo palíndromo: um sujeito está no ônibus e lê uma placa em que está escrito restaurante; pensando em várias combinações de letras a partir do espelho da palavra, ele chega ao resultado: “E.T. na rua; T.S.E. redobra garbo de restaurante”, e a charge termina com ele procurando por uma caneta. Essa tira é genial, pois ilustra com perfeição a experiência palindrômica e a condição do palindromista. Eu coleciono os palíndromos que faço, e já contabilizo algumas centenas, embora admita que são poucos os que guardam alguma verossimilhança e concisão, que são critérios para se avaliar a qualidade de um palíndromo. Já que mencionei, cito alguns palíndromos de minha autoria: “O spa local a colapso”, “Medo, pejo – hoje podem”, “Somava zero. Rezávamos”, “O céu sueco”, “Lê, Dr., o cordel”, “À cobaia dai a boca”, “Até o professor vil papel. Livros, se for poeta”, “Museu – és um?”, “O laico gênio foi negociá-lo”, “A letra é arte lá”, “O anônimo bar abomino? Não!”, entre vários outros, para nem citar os palíndromos impublicáveis. Certa vez eu e meu amigo Guilherme Almeida de Almeida organizamos um curso de criação de palíndromos na Casa das Rosas, que foi bastante divertido, especialmente para nós mesmos. Também sou o proprietário de uma comunidade no orkut dedicada à arte palindrômica, chamada “Palíndromos e palindromania”, e convido os leitores a fazer uma visita. É difícil unir palíndromo e poesia, pois o resultado em geral é nonsense ou na linha arte pela arte. Mas já fiz algumas tentativas e incursões literárias no palíndromo, como os micropoemas da “Série palindrômica”.



Em 2005, você lançou “Medianeira”, seu primeiro livro de poesias. Está preparando o próximo livro de poesias ou os seus trabalhos atuais estão voltados totalmente para a tradução?

Tenho dois livros na gaveta, um de poesia e outro de poesia infantil, que estão amadurecendo antes serem publicados. Não tenho pressa de publicar, sei que todo livro tem um ciclo próprio de gestação que não convém acelerar. Também estou num processo de incorporação das minhas leituras ibéricas, que talvez resultem em novos poemas, dos quais o poema “De um trabalhador confiscado na Ponte da Amizade” é um primeiro fruto. Por enquanto estou mais focado mesmo no meu trabalho como tradutor. Hoje tenho três projetos de tradução em andamento, sendo que um deles já está em fase de editoração, a antologia Canto desalojado, que reúne poemas de Alfredo Fressia, poeta uruguaio radicado em São Paulo. Também tenho planos para organizar uma continuação da coleção Poesias de Espanha, desta vez tratando do restante séc. XX que não foi abrangido pela primeira coleção. Esta continuação terá como subtítulo “do pós-Guerra a 2000” e já contabiliza uma quantidade razoável de poemas e poetas traduzidos, só que desta vez vou trabalhar com mais calma, sem a pressão de uma data pré-estabelecida para o lançamento. É uma lição que aprendi com o trabalho insano a que me submeti na primeira coleção. Não que eu me arrependa, pois é um trabalho de que me orgulho bastante, mas não pretendo repetir a experiência tão cedo.



..................4 POEMAS DA

..................SÉRIE PALINDRÔMICA


ALVARIANA

a ira bate: tabacaria



....................................CANTO GENERAL

.................................... “a vaga vida dure”, neruda divagava


ORAÇÃO

orem: “oh, homero...”


.................................... TERRA

.................................... mesmo com, sem



De um trabalhador confiscado na Ponte da Amizade


A partir do poema “A um trabalhador

assassinado”, de Lauaxeta, poeta basco

fuzilado na Guerra Civil Espanhola


Como trabalhadores, todos somos

a cada dia um pouco assassinados.

Um pouco a cada dia relembrados

que trazemos em nossos cromossomos


o que podíamos ser mas não fomos

por nossa culpa, pois pouco estudados.

Nessa guerra incivil dos remediados,

nossa bagagem tanta, feito os pomos-


-de-Adão dos travestis, nos denuncia

à distância à polícia aduaneira,

que sabe aliviar toda caçamba


dos excessos. Vivemos na fronteira

de nós mesmos, e somos nós a muamba

que é confiscada um pouco a cada dia.


..................Foz do Iguaçu, abril de 2009