Já notei que em outras línguas latinas - espanhol e catalão, mais especificamente - também ocorre o fenômeno de empregar "o mesmo" e seus derivados em substituição a pronome pessoal ou demonstrativo (ele, ela, esse, aquele...), o que em português é considerado incorreto. [veja-se a penúltima postagem]
Por isso pergunto: por não ser um fenômeno exclusivo do português, senão talvez uma tendência geral das línguas ibéricas, não seria lícito supor que esse emprego talvez não seja assim tão equivocado? Será que o próprio "DNA" da língua não autoriza o uso de "o mesmo" em substituição a pronome pessoal ou demonstrativo?
A seguir estão alguns exemplos do emprego de "o mesmo" em outras línguas em substituição a pronome pessoal ou demonstrativo. Se alguém encontrar mais exemplos como esses em outras línguas, por favor compartilhe aqui.
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- Espanhol
Norma da Comissão das Comunidades Européias: "Reglamento (CEE) nº 1251/70 de la Comisión, de 29 de junio de 1970, relativo al derecho de los trabajadores a permanecer en el territorio de un Estado miembro después de haber ocupado un empleo en el mismo."
Norma do Principado de Astúrias: "Este acto pone fin a la vía administrativa y contra el mismo cabe interponer recurso".
- Catalão
Art. 3 da Constituição Provisória da República Catalã, redigida em 1928 em Cuba pela assembléia separatista: "La bandera oficial de la República Catalana és la històrica de les quatre barres roges damunt de fons groc, amb l'addició, en la part superior, d'un triangle blau i estrella blanca de cinc puntes al centre del mateix." *
(*)"A bandeira oficial da República Catalã é a histórica de quatro barras vermelhas sobre fundo amarelo, com a adição, na parte superior, de um triângulo azul e uma estrela branca de cinco pontas no centro do mesmo."
3 comentários:
nossa, snp! que loucura. e ainda não sei pq vc fará doutorado em direito... beijinhos.
"Regime Jurídico das Línguas na Espanha"? Ah, ana, isso é que nem "Análise do Discurso na Legislação Regulatória"...depois põe na capa do Livro, Dr. Fabio Aristimunho Vargas, PhD e pronto!
Fábio, acho que o problema não é tanto a existência da expressão como o uso da mesma enquanto muleta de linguagem, a nível de ignorância é isso que incomoda.
E realmente, Fábio, você bem podia inaugurar uma sessão Pasquale em algum lugar.
Vai saber o que os próximos meses nos guardam? Já não ando tão seguro das minhas convicções, que dirá dos meus planos...
b/a
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