7 de outubro de 2010
Babel da bicharada
Babel da bicharada
A ema mandou um e-mail
chamando o pombo-correio.
O coelho ligou pra coelha,
alugando a sua orelha.
O lobo, de tão bonzinho,
interfona aos três porquinhos.
A lebre, sem qualquer rusga,
torpedeia a tartaruga.
A pulga sobre o buldogue
atualiza o microblog.
O peixe ficou boiando
quando leu o memorando.
O sapo no bate-papo
cochichou e encheu o papo.
Da praia o caranguejo
dá um aceno e manda um beijo.
A foca, mas que fofoca!,
vai sair de sua toca.
A cobra fica enrolada
com sua língua afiada.
A aranha caiu na rede,
que a viram subir paredes.
Tanajura faz sucesso:
banda larga e livre acesso.
A arara ficou uma arara,
ninguém lhe telefonara.
O elefante diz no Orkut:
“Também vou, não sou um mamute.”
Amebas de celular
já combinam de festar,
mas nem marketing viral
será aceito no portal.
O rato clicando o mouse,
joão-de-barro na lan-house,
o galo ciscando spam,
o girino olhando a rã.
Assim, feito carrapicho,
espalhou-se pelos bichos
o convite para o show.
Vamos lá que eu também vou!
Fábio Aristimunho Vargas
26 de setembro de 2010
Fotos do lançamento duplo

16 de setembro de 2010
LANÇAMENTO DUPLO
Nós que Adoramos um Documentário, de Ana Rüsche
Editora Ourivesaria da Palavra, 128 páginas, poesia
Mediação: Beatriz Galvão
- Renan Nuernberger
- Silvana Pessoa
LEITURA DE POEMAS
- Andréa Catropa
- Berimba de Jesus
- Dirceu Villa
- Maiara Gouveia
- Paulo Ferraz
- Rafael Daud
- Roberta Ferraz
18h | Autógrafos no Café
Av. Paulista, 37, São Paulo-SP.
Tel.: (11) 3285.6986 / 3288.9447, contato.cr@poiesis.org.br
1 de setembro de 2010
O olhar do tradutor IV

Organizado pela área de Estudos da Tradução do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPR, o evento terá conferências e oficinas com renomados especialistas e estudiosos da tradução.
Darei uma oficina sobre "Tradução de poesia: galego, espanhol, catalão, basco", na quarta-feira 15 de setembro, das 9h às 11h.

16 de julho de 2010
Panorama histórico de la poesía vasca: una mirada lusohablante
Ementa:
Aristimunho Vargas, Fabio (2008). "Panorama histórico de la poesía vasca: una mirada lusohablante"
Este trabajo de investigación propone organizar ciertas líneas generales que proporcionen al lector de lengua portuguesa un primer contacto con la poesía vasca, lengua en que tal poesía mantiene un relativo carácter inédito. En la primera parte, se traza un panorama histórico de la literatura vasca desde sus orígenes hasta el siglo XX, buscando identificar algunas características históricas esenciales de tal literatura que permitan una mejor comprensión bajo la atenta mirada del lector del siglo XXI. En la segunda parte, se organiza una antología de la poesía vasca traducida al portugués, con una selección de treinta composiciones poéticas vascas desde los cantares medievales hasta la poesía inmediatamente anterior a la Guerra Civil finalizada en 1939. Las traducciones, realizadas sobre todo a partir de versiones literales castellanas y francesas, siguen una cierta tradición brasileña de “transcreación” de poesía, más preocupada en recrear en la lengua importadora algunos elementos en principio intraducibles de la lengua importada que en preservar una fidelidad estricta al texto original.
Disponível aqui.
29 de maio de 2010
IV Seminário do CEHISP/Unicamp
CONVITE
O CENTRO DE PESQUISA EM ESTUDOS HISPANO-AMERICANOS DO IEL(CEHISP-IEL) tem o prazer de convidar professores, alunos e demais interessados, para o dia de atividades abertas em seu Quarto Seminário, a ser realizado no IEL nos próximos dias 17 e 18 de maio.
O evento, destinado a promover o debate da pesquisa em andamento no CEHISP sobre temas linguísticos, literários e culturais hispano-americanos, contará com a presença de três convidados externos, que, certamente, enriquecerão esse debate: Fábio Aristimunho Vargas, Maria Teresa Celada e Fernão Ramos. Encaminhamos, a seguir, a Programação.
Cordialmente,
Comissão Organizadora - CEHISP
Silvana Serrani (Coordenação)
Miriam Gárate
Mónica Zoppi-Fontana
Walter Costa
PROGRAMAÇÃO
Dia 17 de maio de 2010
9:00 horas – IEL – Sala de Colegiados
Mesa-redonda
Antologias, Poesia Hispânica e Diversidade Cultural
Fábio Aristimunho Vargas (UFPR): "A Guerra Civil Espanhola como fator de convergência das literaturas galega, espanhola, catalã e basca".
Walter C. Costa (UFSC-PGET/Cehisp): "Antologizando a poesia chilena dos séculos XX e XXI".
Silvana Serrani (UNICAMP-IEL/Cehisp) (coord.): “Memória Poético-cultural do Cone Sul em Antologias Bilíngues”.
11:00 horas – IEL – Sala de Colegiados
Palestra com debate
Espanhol/português – Entremeio e memória: entre o desejo e o devir
Palestrante: María Teresa Celada (FFLCH-USP)
Coordenação e debate: Mónica G. Zoppi Fontana (IEL-UNICAMP/Cehisp)
14:30 horas – IEL – Sala de Colegiados
Palestra com debate
Estruturas Narrativas do Cinema Documentário
Palestrante: Fernão Ramos (IA-UNICAMP)
Coodenação e debate: Miriam Gárate (IEL-UNICAMP/Cehisp)
Dia 18 de maio
Reuniões de Pesquisa dos Membros Efetivos do CEHISP-IEL.
MINICVs DOS PROFESSORES CONVIDADOS
Fábio Aristimunho Vargas
Escritor, professor e advogado. Bacharel em Direito e mestre em Direito Internacional pela USP, especialista em Direito Internacional Privado pela Universidad de Salamanca e especialista em Estudos Bascos pela Universidad del País Vasco. Foi tradutor-residente na Universitat Autònoma de Barcelona com bolsa do Institut Ramon Llull (2009). Autor dos poemários Medianeira (2005) e Pré-datados (2010). Organizador e tradutor da coleção Poesias de Espanha: das origens à Guerra Civil, em quatro volumes: Poesia galega, Poesia espanhola, Poesia basca e Poesia catalã (2009), este último premiado pelo Institut Ramon Llull. Como organizador-tradutor de poesia publicou ainda: Antologia Vacamarela (2007), coletânea trilíngue de jovens poetas brasileiros; La entrañable costumbre (2008), do mexicano Luis Aguilar; e Canto desalojado (2010), do uruguaio Alfredo Fressia. É professor de Direito Internacional e Direitos Humanos em Foz do Iguaçu.
María Teresa Celada – FFLCH-USP
Possui graduação em Licenciatura em Letras/orientação em linguística (1983) e Bacharelado em Letras (1987), ambas pela Universidad de Buenos Aires, e doutorado em uLinguística pela Universidade Estadual de Campinas (2002). O título de sua tese é ;O espanhol para o brasileiro. Uma língua singularmente estrangeira. Atualmente é professora doutora da Universidade de São Paulo. Desenvolve pesquisas na área de uLinguística, com ênfase em Análise do Discurso, que se centram no estudo do funcionamento da língua espanhola e da língua do brasileiro, nos contrastes entre o funcionamento de sujeitos e discursos no Brasil e na Argentina, nos processos de integração regional (Mercosul) e nos processos de aquisição de língua estrangeira. É coordenadora da Área de Espanhol do Centro de Línguas da USP desde 2003. Atua como pesquisadora do Projeto de investigação Científica e Tecnológica: Planeamiento del lenguaje en el Mercosur: estudio glotopolítico y propuestas para la enseñanza media, sob a responsabilidade de Elvira Arnoux (UBA). Em 2008 desenvolveu projeto de pesquisa de pós-doutorado na UBA (Argentina) com bolsa da Fapesp (Processo 08/54641-9): Trilhas da memória discursiva sobre o português na Argentina. Sujeitos/línguas. Saberes. Relatório de pesquisa aprovado em marzo de 2009 pela FAPESP e, posteriormente, pela CERT (USP).
Fernão Ramos
Professor Titular do Departamento de Cinema da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Foi presidente fundador da SOCINE (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema) (1997/2001). Atuou como professor convidado do Departamento de Cinema e Audiovisual da Universidade Paris III/Sorbonne Nouvelle (2000). Em 2008 publicou 'Mas Afinal...o que é mesmo documentário?'. É autor e organizador de 'Cinema Marginal, a Representação em seu Limite' (1987), 'História do Cinema Brasileiro'(1987), 'Enciclopédia do Cinema Brasileiro'(2000) e 'Teoria Contemporânea do Cinema - vols. I e II' (2005). Possui pós-doutorado na Tisch School of Arts da New York University (1996/97), na UCLA (University of California - Los Angeles - 2000/01) e na Université de Montreal (2005). Orienta, leciona e pesquisa na área Cinema, com ênfase em Cinema Documentário, Teoria do Cinema e Cinema Brasileiro.
12 de maio de 2010
Canto desalojado, de Alfredo Fressia
10 de maio de 2010
Salão Internacional do Livro 2010
O Salão Internacional do Livro Foz do Iguaçu 2010 acontecerá de 6 a 16 de maio. Estou na programação do dia 14/05/10, com duas intervenções:
- 10h: mesa "Literatura e o Direito", em que vou falar sobre (I) o Direito na Literatura, abordando algumas obras literárias que tratam de temas jurídicos, como "Antígona", de Sófocles, "Apologia de Sócrates", de Platão, e "O navio negreiro", de Castro Alves, e (II) a Literatura para o Direito, tratando de temas como direitos de autor, liberdade de expressão, direito de imagem, reprodução, políticas públicas e o plágio.
- 11h: leitura do livro "Pré-datados". Deveria ser o lançamento do livro, mas a editora avisou que infelizmente não ficará pronto a tempo, então vou fazer uma leitura dos poemas, que serã projetados no telão.
Programação:




A programação também está disponível neste endereço e neste outro.
26 de abril de 2010
Recuerdos de Ypacaraí
Recuerdos de Ipacaray era a música favorita do meu pai, que ele adorava cantar com os amigos, especialmente na Casa Paraguaia, onde toda a família se reunia nos churrascos de domingo.
Curiosamente a canção, uma das mais conhecidas mundo afora sobre o Paraguai, gravada e regravada por, entre outros, Julio Iglesias, foi composta por uma argentina que só foi pisar as terras guaranis longos anos depois do estrondoso sucesso de sua composição, já na terceira idade.
Dia desses me peguei cantarolando Recuerdos de Ipacaray, que ficou dias e dias me martelando. Justo eu, que nunca tinha atentado para a letra e achava que não tinha nenhuma relação especial com ela.
A tradução me veio espontaneamente, que transcrevo a seguir. Anexo também uma interpretação da cantora Perla.
Recuerdos de Ypacaraí
Zulema de Mirkin e Demetrio Ortiz
Una noche tibia nos conocimos Junto al lago azul de Ypacaraí Tú cantabas triste por el camino Viejas melodías en guaraní.
Y con el embrujo de tus canciones Iba renaciendo tu amor en mí Y en la noche hermosa de plenilunio De tu blanca mano sentí el calor Que con sus caricias me dio el amor.
Donde estás ahora cuñataí Que tu suave canto no llega a mí Donde estás ahora mi ser te añora Con frenesí.
Todo te recuerda mi dulce amor Junto al lago azul de Ypacaraí Donde para siempre mi amor te espera Cuñataí.
| Lembranças de Ipacaraí
Trad. Fábio Aristimunho Vargas
Uma noite fria nos conhecemos Junto ao lago azul de Ipacaraí Tu cantavas triste pelo caminho Velhas melodias em guarani.
E com o encanto de tuas cantigas Ia renascendo meu amor por ti E na bela noite de plenilúnio De tua branca mão eu senti o calor Que com seus carinhos achei o amor.
Onde estás agora, cunhataí, Que teu suave canto não chega aqui Onde estás agora meu ser te implora Com frenesi.
Tudo faz lembrar-te, meu doce amor, Junto ao lago azul de Ipacaraí Onde para sempre meu amor te espera Cunhataí.
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Comentários à tradução:
Cuñataí é menina-moça em guarani. O lago de Ypacaraí fica perto de Assunção e nada tem de azul. Há divergências quanto a algumas passagens do original, especialmente com relação ao penúltimo verso.
A palavra noche aparece duas vezes, ora qualificada como tibia (morna), ora como hermosa (linda). Inicialmente pensei trocar a posição dos adjetivos na tradução (“Uma noite linda nos conhecemos”, “E na noite morna de plenilúnio”), preservando a sonoridade das vogais. No entanto essa solução, ponderei depois, iria contra teor da letra: a noite começa morna e se torna linda conforme o amor toma forma. Alterar essa ordem seria intervir fortemente no texto. Por fim cheguei à solução de qualificar a noite como “fria” no primeiro verso, solução que entendo mais fidedigna e que combina mais com o "triste" da primeira estrofe.
Os versos “De tu blanca mano sentí el calor / Que con sus caricias me dio el amor” podem, numa tradução literal, se mostrar de complexa compreensão para o ouvido brasileiro, acostumado a confundir a 2ª e a 3ª pessoas. Quem deu o calor, tu ou a mão? Para contornar o problema optei por “achei o amor”.
Todo te recuerda não pode ser traduzido como “Tudo te recorda”, que teria mais o sentido de “todas as coisas se lembram de você” e não de “tudo faz lembrar de você”. Optei pelo sintético “Tudo faz lembrar-te”.