Existe uma língua na Europa que luta para sobreviver, provando para si mesma e para o seu entorno sócio-cultural que é válida para a comunicação intercultural em um mundo cada vez mais globalizado e difícil. É uma língua que, além disso, está presente em inúmeros lares de todo o mundo, com grande implantação na América Latina e na América do Norte. Trata-se de uma língua cujas raízes os estudiosos ainda não encontraram, e que durante séculos produziu rios de literatura, favorável e contrária, sem motivo aparente para que seus detratores assim procedam.
Trata-se da língua basca – o euskara – que, sendo falada por não mais do que um milhão de pessoas em todo o mundo, gozou e goza do sentimento de apoio de muitíssimas mais. Almas que vêem nessa língua o testemunho milenar de um povo que, situado em um pequenino solar europeu, luta para mostrar ao mundo que toda ação em busca da diferenciação é positiva, sempre que feita a partir do ponto de vista da solidariedade e da integração, e nunca da imposição. Algo que, ademais, dificilmente a língua basca conseguiria, se a lei quisesse impô-la em virtude de sua debilidade crônica.
Não se trata de atacar seus perseguidores, o que também se poderia, mas sim de reivindicar para o euskara um lugar no contexto internacional, junto ao espanhol, inglês, francês, guarani, chinês, quéchua, navajo e todas as demais línguas do mundo. O idioma basco é testemunho vivo da psiquê de um povo ancestral, cujas raízes se perdem na noite da historia. Quando uma língua se deprecia, se está depreciando a própria civilização, a riqueza cultural. É uma grande falha na trama da humanidade, a produzida pelos que, amparados na razão que dá a força, injuriam e desdenham dos que apenas podem usar a força da razão.
A língua basca, falada por milhares de americanos desde o Canadá até o Cone Sul, necessita de apoios internacionais, como o que a cada ano recebe no seu dia comemorativo, 3 de dezembro. A Sociedade de Estudos Bascos (www.eusko-ikaskuntza.org) realiza de 15 de novembro a 3 de dezembro uma campanha mundial a favor da língua basca, motivo de orgulho de um pequeno povo europeu que deu origem, há séculos, a modos de vida distantes geograficamente, mostrando que se pode ser diferente a partir da universalidade.
JOSEMARI VELEZ DE MENDIZABAL
Escritor e Acadêmico Correspondente da Real Academia da Língua Basca
(Tradução: Fábio Aristimunho)
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