Não coloquei o original em basco e a tradução que me serviu de apoio por uma questão de racionalidade visual e economia de espaço, mas os links estão logo abaixo do poema para quem quiser comparar.
Sobre o autor: Jon Mirande (1925 – 1972), poeta basco-francês, é considerado um dos maiores escritores da língua basca no século XX. No entanto o basco não era sua língua materna, que só foi aprender depois dos 20 anos. Traduziu diversos clássicos para o basco, como Edgar Allan Poe, Franz Kafka e Federico García Lorca. Suicidou-se, em Paris, depois de uma overdose de barbitúricos.
BALADA DOS BASCOS HONRADOS
..........(Que ao mesmo tempo é uma prece
..........dirigida ao deus basco Ortzi,
..........feita por alguém que não é honrado)
São parrudos, ágeis e afeitos
à boina; a Deus guardam respeito,
falam basco e têm voz nasal;
são muito honrados, afinal
se acham fidalgos... a despeito
de sua maneira vulgar.
(Que o deus Ortzi possa evitar
de eu como eles me comportar.)
Viviam no escuro, no início,
até a Luz cobrir seus patrícios:
Deus e a Ancestral Lei revelados.
Hoje vivem iluminados,
tão iluminados e honrados
feito democratas sem vícios.
(Que o deus Ortzi possa evitar
de eu como eles me iluminar.)
Têm uma cultura tão vasta
de contos, canções e encomiastas;
são entendidos de política,
de futebol, bailado e crítica,
sem falar na música casta.
Até o missal sabem entoar.
(Que o deus Ortzi possa evitar
de eu como eles conjecturar.)
Conhecem as contas numéricas
e se enriquecem nas Américas;
também lá são eles honrados,
reunidos em patriarcados,
apesar da aptidão genérica
de mais na igreja se juntar.
(Que o deus Ortzi possa evitar
de eu como eles ir prosperar.)
Ao casar, só se casam for-
malmente, com a bênção maior
do padre ou da autoridade,
– porque o seu bom gosto, em verdade,
é dentre todos o melhor –
com moças prendadas no altar.
(Que o deus Ortzi possa evitar
que eu como eles venha a casar.)
E quase que eu já me esquecia
de homenagear nesta poesia
sua nacional vestimenta:
a camisa branca, que ostentam
aos domingos – limpa e macia
como o seu coração a amar.
(Que o deus Ortzi possa evitar
de eu como eles não me sujar.)
OFERTA:
Assim como tu, senhor Deus
Javé, já foste dos judeus
o Senhor, e és hoje dos bascos,
que Ortzi não permita que eu,
seja quem for o meu carrasco,
acabe honrado como um basco.
..........Jon Mirande, 1950
..........Trad.: Fábio Aristimunho, 2006
- Compare com a versão em espanhol clicando aqui.
- Leia o original em basco (e entenda tudo) clicando aqui.
Um comentário:
Ótima a transcriação, não ficou tão diferente assim do original, não.
Só acho que o cara demora demais pra passar a mensagem. É um poema de récita.
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